Economia comportamental: impactos da educação financeira em decisões sobre consumo e poupança com vistas à aposentadoria

Abstract

Tradicionalmente, a tomada de decisão do consumidor tem por base a racionalidade do Homo Economicus. A economia comportamental introduz o conceito de um indivíduo impulsivo, enviesado por desejos e com motivações distantes do ótimo racional. A presente dissertação busca investigar quanto a educação financeira influencia as decisões de consumo dos indivíduos em um ambiente de incentivo à poupança, sob a ótica dos conceitos da economia comportamental. Para isso, aplica-se um experimento de laboratório, em forma de jogo finito de duas etapas, em que os indivíduos recebem um orçamento fictício para tomar decisões sobre consumo e poupança no decorrer de um ciclo de vida. Um questionário para mensuração da literacia financeira é aplicado antes do início do jogo, coletando também dados acerca da renda, escolaridade e gênero dos indivíduos para que a análise compreenda o peso de outros fatores na tomada de decisão. A primeira etapa do jogo propõe a formação de poupança para emergências, sucedido da segunda etapa em que há a necessidade adicional de formação de reservas para aposentadoria. Um nudge é inserido na segunda fase, pela inclusão de uma simples orientação textual que lembra a nova necessidade de economia dos recursos financeiros. As duas fases do jogo possuem mecânica idêntica, salvo a instrução de aposentadoria. Observou-se que, dentre os fatores analisados, o grupo de indivíduos de maior letramento financeiro foi o único que atingiu o objetivo de aposentadoria proposto. Adicionalmente, em um ambiente de incentivo a formação de poupança, a educação financeira foi a variável de maior preponderância na tomada de decisão em prol da amenização do consumo.

Traditionally, consumer decision-making is based on the rationality of the Homo Economicus. Behavioral economics introduces the concept of an impulsive individual, biased by desires and with motivations far from optimal rationality. This dissertation seeks to investigate how much financial education influences individuals' consumption decisions in an environment that encourages savings, from the perspective of behavioral economics. Therefore, a laboratory experiment is applied, in the form of a two-stage finite game, in which individuals receive a fictitious budget to make decisions regarding consumption and savings over a life cycle. A measurement of financial literacy is applied before the start of the game also collecting data on income, education and gender of individuals so that the analysis understands the weight of other factors in decision making. The first stage of the game proposes savings for emergencies, followed by the second stage in which there is na additional need to save for a retirement period. A nudge is inserted in the second phase, by the inclusion of a simple textual orientation that recalls the new savings demand. The two phases of the game have identical mechanics, except for the retirement instruction. Note that, among the analyzed factors, the group of individuals with greater financial literacy was the only one that fulfilled the savings for retirement objective. Additionally, in an environment that encourages savings, financial education was the most predominant variable in decision-making in favor of reducing consumption.