Impacto da revisão ordinária de garantia física de usinas hidrelétricas:análise do risco hidrológico no setor elétrico brasileiro

Abstract

Este trabalho avalia eventual impacto na medida agregada de risco hidrológico das usinas hidrelétricas provocado pela Revisão Ordinária das Garantias Físicas de Energia publicada em 2017, com vigência a partir de 2018. Para isso são utilizados como proxy da contribuição individual das usinas para a medida de risco agregada o quociente do histórico de geração de energia de 2012 a 2022 pela garantia física antes e após o impacto da revisão. Foi utilizado o método das Diferenças em Diferenças, com variáveis de controle como vazão e as paradas forçadas, em base anual. Os resultados da modelagem mostram que o indicador de risco hidrológico para o grupo tratamento não apresentou melhoria, contrariando uma das hipóteses do estudo de que ocorreria uma evolução positiva nesse indicador. Os resultados indicam que a revisão de garantia física teve um impacto significativo na medida do risco hidrológico, mas não melhorou seus índices. Ao contrário das expectativas, houve uma redução dos índices após a implementação da política. Esse comportamento pode ser atribuído à grande penetração de usinas eólicas e solares fotovoltaicas na matriz energética, que deslocam a geração hidráulica, e à redução da capacidade de regularização dos reservatórios das UHEs devido à ausência de construções de novas usinas. Estudos futuros devem avaliar a eficácia das políticas regulatórias vigentes, o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia e a integração energética regional. Esses estudos podem subsidiar a gestão do risco hidrológico e as revisões de garantias físicas de hidrelétricas, auxiliando os formuladores de políticas públicas do setor elétrico brasileiro.

This work evaluates the potential impact on the aggregate measure of hydrological risk of hydroelectric plants caused by the ordinary revision of physical energy guarantees published in 2017, effective from 2018. To do this, the proxy for the individual contribution of the plants to the aggregate risk measure is the ratio of the energy generation history from 2012 to 2022 by the physical guarantee before and after the impact of the revision. The Difference-in-Differences method was used, with control variables such as flow and forced outages, on an annual basis. The modeling results show that the hydrological risk indicator for the treatment group did not show improvement, contrary to one of the hypotheses of the study that there would be a positive evolution in this indicator. The results indicate that the revision of the physical guarantee had a significant impact on the hydrological risk measure but did not improve its indices. Contrary to expectations, there was a reduction in the indices after the implementation of the policy. This behavior can be attributed to the large penetration of wind and solar photovoltaic plants in the energy matrix, which displace hydraulic generation, and the reduction in the regulation capacity of hydropower power plant reservoirs due to the lack of new plant constructions. Future studies should assess the effectiveness of current regulatory policies, the development of energy storage technologies, and regional energy integration. These studies can support the management of hydrological risk and the revisions of physical guarantees of hydroelectric plants, aiding policymakers in the Brazilian electric sector.