O potencial crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil no âmbito do BRICS

Abstract

O presente trabalho analisa as possibilidades de crescimento e desenvolvimento econômico do Brasil como um componente original do BRICS, considerando as relações bilaterais com os demais membros fundadores do grupo: Rússia, Índia, China, e África do Sul. Criado oficialmente em 2006 e ampliado em 2011, com o ingresso da África do Sul, o BRICS consolidou-se como um fórum de cooperação entre economias emergentes, com o objetivo de fortalecer a influência exercida pelos países do Sul Global frente às estruturas tradicionais de poder. A pesquisa parte da seguinte pergunta: a participação do Brasil no BRICS é capaz de trazer benefícios econômicos mesmo diante de crises, como a pandemia de COVID-19, e tensões geopolíticas, como o conflito militar entre Rússia e Ucrânia? A partir dela, foram formuladas duas hipóteses, relacionadas à ampliação e diversificação das relações financeiras e comerciais, e à mitigação dos efeitos de conturbações econômicas. Com base na análise de dados no período de 2019 a 2023 relacionados ao comércio bilateral entre o Brasil e os outros países-membros originais da aliança e à atuação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), um Banco Multilateral de Desenvolvimento (BMD) criado no âmbito do BRICS, observa-se que o Brasil se beneficia tanto das volumosas exportações destinadas à China, seu principal parceiro comercial, quanto da importação de insumos essenciais da Rússia e da Índia, fundamentais para o funcionamento de setores que compreendem grande importância para a economia do país. Além disso, o acesso a financiamentos via NBD amplia as possibilidades de investimento em infraestrutura e sustentabilidade. Os resultados obtidos demonstram que, apesar das assimetrias existentes entre os membros do grupo, o BRICS contribui para o fortalecimento e o desenvolvimento da economia brasileira em meio a um cenário econômico internacional instável.

This paper analyzes the possibilities for Brazil's economic growth and development as an original member of BRICS, considering the bilateral relations with the other founding members of the group: Russia, India, China, and South Africa. Officially created in 2006 and expanded in 2011 with the entry of South Africa, BRICS has consolidated itself as a cooperation forum among emerging economies, aiming to strengthen the influence exerted by Global South countries in contrast to traditional power structures. The research is based on the following question: can Brazil’s participation in BRICS bring economic benefits even in the face of crises and geopolitical tensions? Based on this, two hypotheses were formulated, related to the expansion and diversification of financial and commercial relations, and to the mitigation of the effects of economic disruptions. Based on the analysis of data in the period from 2019 to 2023 related to bilateral trade between Brazil and the other original member countries of the alliance, and the performance of the New Development Bank (NDB), a Multilateral Development Bank (MDB) created within the scope of BRICS, it is observed that Brazil benefits both from the large volumes of exports to countries such as China, its main trading partner, and from the import of essential inputs from Russia and India, which are fundamental for the functioning of sectors with great participation in the country’s Gross Domestic Product (GDP), such as agribusiness. Furthermore, access to financing through the NDB expands investment possibilities in infrastructure and sustainability. The results obtained demonstrate that, despite the existing asymmetries among the group’s members, BRICS contributes to strengthening the Brazilian economy by offering strategic alternatives in an unstable international scenario.