Use este identificador para citar ou linkar para este item:
https://repositorio.idp.edu.br//handle/123456789/5284
Título: | Justiça restaurativa e ANPP: um novo paradigma na solução dos conflitos criminais? |
Autor(es): | Fernandes, Ísis Ribeiro Marques |
Orientador(es): | Wunderlich, Alexandre |
Palavras-chave: | Material Criminal;Justiça restaurativa;Aspectos jurídicos;Acordo de não persecução penal |
Data de submissão: | 2024 |
Editor: | Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa |
Citação: | FERNADES, Ísis Ribeiro Marques. Justiça restaurativa e ANPP: um novo paradigma na solução dos conflitos criminais? 2024. 124 f. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Direito) Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, Brasília, 2025. |
Resumo: | O presente trabalho analisa a integração entre a Justiça Restaurativa e o Acordo de Não
Persecução Penal (ANPP) no contexto do sistema de justiça criminal brasileiro. Fundamentado
em pesquisa qualitativa, o estudo aborda a evolução dos mecanismos de justiça negocial no
Brasil, as origens, princípios e valores da Justiça Restaurativa e a sua aplicação na esfera
criminal, além de explorar os desafios e possibilidades da experiência de utilização de práticas
restaurativas de forma a qualificar o mecanismo negocial previsto no artigo 28-A do Código de
Processo Penal. A pesquisa parte da constatação de que o sistema de justiça criminal, baseado
em uma lógica punitiva-retributiva, tem se mostrado incapaz de atender às necessidades das
vítimas, ofensores e comunidades afetadas pelos conflitos. A realidade brasileira é marcada por
uma crescente de processos em todas as instâncias do Poder Judiciário, pelo aumento da
população carcerária que sobrevive em condições degradantes e pela consequente
estigmatização dos envolvidos no processo penal. Nesse contexto, a Justiça Restaurativa surge
como uma abordagem alternativa, focada na reparação do dano, na responsabilização ativa e na
reintegração social, que pode proporcionar a transformação do conflito e do contexto que lhe
deu origem. A dissertação analisa a experiência do Centro de Justiça Restaurativa (CEJURE)
da Subseção Judiciária de Uberlândia-MG como uma referência na aplicação das práticas
restaurativas em momento anterior à formalização do ANPP, de modo a subsidiar a elaboração
das cláusulas pactuadas entre acusado e membro do Ministério Público e propiciar o
atendimento das necessidades dos envolvidos. O encontro restaurativo é um espaço voluntário,
participativo e inclusivo no qual participam, além do facilitador, o ofensor, e, conforme as
particularidades de cada caso, a vítima, ou seu representante, pessoas por eles indicadas para
dar-lhes suporte, membros da comunidade atingida, profissionais de apoio que compõem a
equipe multidisciplinar, como psicólogos, assistentes sociais e educadores. Após o encontro,
esses profissionais auxiliam na elaboração de um plano de intervenção ou acompanhamento
junto à Rede de Apoio local, que é composta por instituições que oferecem suporte como
atendimento médico, psicológico e encaminhamento para cursos ou oportunidades de trabalho
aos que se encontrem em condição de vulnerabilidade econômica. O estudo evidencia os
desafios da conexão entre a justiça restaurativa, fundamentada em valores como o encontro, a
reparação, a reintegração e a inclusão, com o acordo de não persecução penal, um instrumento
da justiça negocial inserido em um sistema criminal que tende a priorizar a punição como
resposta ao ilícito. A dissertação conclui que ainda não é possível trabalhar toda a
potencialidade da justiça restaurativa devido à sua vinculação ao sistema penal e às restrições
decorrentes da ausência de regulamentação legal específica, mas a sua utilização no ANPP é
viável e desejável, desde que sejam respeitados os valores fundamentais da abordagem
restaurativa. Essa integração representa um passo em direção a um novo modelo de resolução
dos conflitos criminais focado no diálogo, na reparação e na pacificação social, uma alternativa
à pena e à punição. |
Abstract: | The present study analyzes the integration between Restorative Justice and the Non-Prosecution Agreement (NPA) within the context of the Brazilian criminal justice system. Based on qualitative research, the study addresses the evolution of negotiated justice mechanisms in Brazil, the origins, principles, and values of Restorative Justice, and its application in the criminal sphere. It also explores the challenges and possibilities of employing restorative practices to enhance the negotiated mechanism provided for in Article 28-A of the Code of Criminal Procedure. The research begins with the observation that the criminal justice system, based on a punitive-retributive logic, has proven unable to meet the needs of victims, offenders, and communities affected by conflicts. The Brazilian reality is characterized by an increasing number of cases at all levels of the Judiciary, the growing prison population living in degrading conditions, and the consequent stigmatization of those involved in the criminal process. In this context, Restorative Justice emerges as an alternative approach focused on harm reparation, active accountability, and social reintegration, which can foster the transformation of conflicts and the context from which they arise. The dissertation examines the experience of the Center for Restorative Justice (CEJURE) at the Judicial Subsection of Uberlândia-MG as a reference in the application of restorative practices prior to the formalization of the NPA. It aims to support the drafting of the clauses agreed upon between the accused and the Public Prosecutor’s Office and to meet the needs of those involved. The restorative meeting is a voluntary, participatory, and inclusive space where, in addition to the facilitator, the offender, and, depending on the specifics of each case, the victim (or their representative), individuals indicated by them for support, members of the affected community, and support professionals—such as psychologists, social workers, and educators from the multidisciplinary team—participate. After the meeting, these professionals assist in the preparation of an intervention or follow-up plan in collaboration with the local Support Network, which comprises institutions providing services such as medical and psychological care, as well as referrals for courses or job opportunities for those in economically vulnerable situations. The study highlights the challenges of connecting Restorative Justice—grounded in values such as dialogue, reparation, reintegration, and inclusion—with the Non-Prosecution Agreement, a negotiated justice tool embedded in a criminal system that tends to prioritize punishment as a response to wrongdoing. The dissertation concludes that the full potential of Restorative Justice cannot yet be realized due to its linkage to the criminal system and the constraints resulting from the absence of specific legal regulations. However, its use within the NPA framework is feasible and desirable, provided the fundamental values of the restorative approach are respected. This integration represents a step toward a new model of resolving criminal conflicts focused on dialogue, reparation, and social pacification—an alternative to punishment and retribution. |
Descrição: | Dissertação apresentada ao professor orientador Dr. Alexandre Wunderlich no Mestrado Profissional em Direito, Justiça e Desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa. |
URI: | https://repositorio.idp.edu.br//handle/123456789/5284 |
Aparece nas coleções: | Mestrado Acadêmico em Direito Constitucional |
Arquivos associados a este item:
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
Dissertação_ÍSIS RIBEIRO MARQUES FERNANDES_Mestrado Profissional em Direito.pdf | 3.81 MB | Adobe PDF | Visualizar/Abrir |
Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.